terça-feira, outubro 24, 2006

Dunas são como divãs

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O título da contribuição, que provavelmente não dirá nada a muitos leitores brasileiros, é parte da letra de uma canção "Dunas", de uma banda portuguesa chamada GNR. A faixa pertencia a um disco de 1985 com o sugestivo título "Os Homens Não Se Querem Bonitos". Por alguma razão este Dunas vem-me ao espírito sempre que ouço falar de Titã. Pode parecer estranho que volte à carga com este tema, pois passaram apenas uns dias desde que falei em ensopados de etano e lagos. Só que a Cassini não pára e, apenas 16 dias após o último sobrevôo, está de volta à lua brumosa de Saturno. Este vai ser o vigésimo primeiro encontro da sonda com Titã, que vai estar no ponto mais próximo amanhã, quarta-feira, dia 25 de Outubro de 2006, às 15:58:07 (hora da sonda) a 1030 km acima da superfície. Os dados serão transferidos para a Terra na sexta-feira, dia 26 de Outubro de 2006. O objectivo desta aproximação é obter mapas da composição dos solos titanianos. É muito possível que finalmente venhamos a saber do que são feitas as famosas dunas que cobrem grande parte da superfície dessa lua. [... ler mais]

Eis aqui uma vista do aspecto de titã duas horas antes da maior aproximação. O ponto onde convergem as linhas da grelha no topo da imagem é o Pólo norte de Titã.

As "caixinhas coloridas" representam os campos de visão dos instrumentos que vão observar a superfície do planeta. Esta vai ser um dos voôs mais rasantes da Cassini e houve uma competição feroz entre as vária equipas científicas pelo tempo de observação. O quadrado maior é o campo de visão da câmera de imagens de grande abertura, ISS WAC. O quadrado seguinte em tamanho, em rosa, é o do espectrómetro de visual e infravermelho, VIMS. O pequeno quadrado verde é da camara de imagens de pequena abertura, ISS NAC. O pequeno círculo vermelho próximo da ISS NAC é o espectrómetro composto de infravermelho, CIRS. O rectângulo de cor púrpura, centrado dentro do quadrado maior, é do espectrómetro de imagens no ultravioleta, UVIS. Estes são os instrumentos que vão observar a superfície de Titã durante esta passagem. Notem que a área de Titã coberta nesta fase da aproximação é bastante grande. Eis abaixo o aspecto durante a maior aproximação:

A região da superfície observada é muito menor, o que significa muito maior detalhe. Esse detalhe diminuirá muito rapidamente. Eis a que se assemelhará duas horas após a maior aproximação, quando a sonda se estiver já a afastar de Titã.

A sonda está já (à data em que coloquei esta contribuição) a fazer algumas observações da atmosfera de Titã. Podemos esperar para breve mais resultados deste excitante mundo extraterrestre. Quem sabe, talvez desta vez consigam ver os vulcões gelados que se pensa serem parte importante do ciclo do metano nesta lua de Saturno.

Ficha técnica
Imagens e inspiração para o texto retiradas do material disponível nestas páginas da NASA.

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