quarta-feira, novembro 09, 2005

As chamas que pairam no Sol

O aspecto do Sol depende muito do tipo de luz em que são feitas as observações. Na imagem, obtida em comprimentos de onda visíveis, que se mostrou no domingo, a superfície do Sol aparecia coberta de pequenos grânulos e grandes manchas. Pequenos no Sol é uma espécie de contrassenso, os "pequenos" grânulos tinham uma área superior à de Portugal. Quando se observa o Sol em comprimentos de onda que os nossos olhos não podem ver, como os raios-X e ultravioleta, o Sol é uma caixinha de surpresas pois apresenta toda uma série de estruturas, algumas de grandes dimensões.[... ler mais]

A imagem ao lado, a Astronomy Picture of the Day para hoje, tirada em Outubro de 2002 pela experiência EIT a bordo da sonda espacial SOHO, mostra o Sol tal como é visto no ultra-violeta extremo. O comprimento de onda da imagem é sensível a um tipo de hélio ionizado, e para isso o material que estamos a ver tem que estar a uma temperatura de ordem dos 60000 graus Celsius. A esta temperatura as imagens revelam uma região da atmosfera solar chamada cromosfera. Na imagem de domingo via-se material da fotosfera, a uma temperatura cerca de dez vezes inferior. Um fenómeno que esta imagem retrata é uma proeminência solar, visível no canto inferior esquerdo, como uma espécie de grande chama a pairar sobre a superfície do Sol.

As proeminências são estruturas que podem permanecer estáveis durante cerca de um mês, e então subitamente serem expelidas do Sol para o meio Interplanetário. O efeito sobre o Sol é menor do que se poderia pensar. A proeminência que se mostra aqui é imensa, poderíamos colocar 40 Terras ao longo do seu comprimento, mas apesar disso é extraordinariamente ténue e a massa do Sol após lançar uma coisa dessas sofre apenas alterações ínfimas. Portanto, nada de pânicos, apesar de expulsar estruturas destas com alguma frequência a sobrevivência do Sol não corre qualquer perigo. A Terra também não, embora por vezes a matéria que acompanha as prominências libertadas pelo Sol chegue à Terra, originando auroras como a que se mostrou na imagem de sábado.

Sem comentários: