A parte do processo de descida que descrevi na contribuição anterior não teve o drama da fase inicial de entrada, mas não deixou de ser importante no objectivo de minimizar a violência do impacto com a superfície. O pára-quedas e um conjunto de motores permitiram suavizar ainda mais a queda. Mas para o contacto final com o solo havia uma protecção suplementar: um sistema de almofadas de ar que envolviam todo o veículo. Foi ai que deixei o rover na última contribuição, a apenas alguns metros acima do solo, mas a cair de forma suave, protegido dentro desse revestimento insuflável. Faltavam apenas cerca de 3 segundos para embater no solo. A última parte da descida ocorreu sem grandes sobressaltos, apenas com uns pulos pela superfície, até que finalmente as almofadas de ar, e aquilo que elas protegiam, pararam algures sobre a superfície do planeta vermelho. [... ler mais]
Quando o repouso foi finalmente atingido, deu-se a última etapa da missão do veículo de aterragem. Durante esta fase foram esvaziadas as almofadas de ar, abriram-se as "pétalas" da plataforma, e o pequeno veículo robotizado no seu interior "sentiu" pela primeira vez a atmosfera de Marte.
Após alguma verificações com a equipa na Terra, e um período de "descanso", o rover estava finalmente pronto a cumprir o seu destino: vasculhar a superfície de Marte, recolher imagens, estudar amostras do solo, e enviar tudo para os cientistas da Terra. Eis aqui uma visão artística do momento épico em que as rodas de um rover tocaram pela primeira vez na superfície de Marte.
A plataforma de aterragem cumpriu ela também a sua missão, e foi abandonada no local. Tal como as outras partes da missão largadas durante o processo de descida, também ela foi fotografada de órbita pela câmara de alta resolução (HIRISE) na sonda espacial Mars Reconnaissance Orbiter da NASA. Ei-la em baixo, no meio de uma pequena cratera de impacto, a Cratera da Águia, onde acabou por parar. A Oportunidade ficaria durante os 60 dias seguintes na vizinhança desta cratera, antes de partir para passeios mais longos.
Esta foi a crónica de uma viagem que teve os seus momentos. Mas a história realmente interessante viria a seguir, e ainda decorre. Alguns momentos dessa história foram contados aqui no Cais de Gaia. Os rovers têm sido motivo de destaque quase desde o início do blog. Para navegar nessas contribuições nada melhor que começar pela primeira, que eu coloquei aqui, a 8 de Novembro de 2005.
Ficha técnica
Ilustrações e inspiração para o texto a partir das páginas da NASA sobre os rovers marcianos.
Imagem da HIRISE a partir desta página da Universidade do Arizona.
sábado, dezembro 09, 2006
Uma Oportunidade da Terra a Marte: contacto
Por CDG laço permanente
Etiquetas: Marte
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