sexta-feira, dezembro 15, 2006

Os cumes nevados de Titã

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Eis-me de volta aos resultados da aproximação da Cassini a Titã no dia 25 de Outubro de 2006. Esta é a imagem que tinha mostrado na última contribuição, com alguns acrescentos. A pequena região que se destaca ligeiramente abaixo e à esquerda do centro da imagem é o acrescento em destaque nesta contribuição. Trata-se de uma montagem de imagens obtidas pela VIMS numa aproximação a apenas 12,000 km de Titã. Essa região estava incluída na área de que falei na contribuição anterior, é aí que se situa o sistema montanhoso que referi. O que vou mostrar em seguida é uma imagem mais detalhada dessas montanhas.[... ler mais]

Eis aqui então as montanhas de Titã em todo o seu esplendor:

Erguendo-se majestosamente através da atmosfera brumosa de Titã, as cadeias de montanhas são bastante mais evidentes nesta imagem do que nas imagens que mostrei na contribuição anterior. As dimensões destes relevos são impressionantes: 150 km de extensão, 1500 metros de altitude. Tal como as montanhas da Terra as montanhas de Titã parecem possuir "neve". Pelo menos isso é o que os cientistas julgam ser os depósitos mais brilhantes que se veêm na imagem. Obviamente tratar-se-á de "neve de metano" ou um qualquer outro hidrocarboneto. Tal como se refere num dos comunicados de imprensa referente a esta descoberta:
"Estas montanhas são provavelmente duras como rocha, feitas de materiais gelados, e cobertas com vários níveis de materiais orgânicos," disse o Dr. Larry Soderblom, cientista da Cassini no U.S. Geological Survey, em Flagstaff, Ariz. Ele acrescentou: "Parecem existir camadas e mais mais camadas de várias coberturas de "tinta" orgânica em cima umas das noutras no topo de cada um dos cumes montanhosos, um pouco como pintor que aplique o fundo numa tela. Algum desta mistela orgânica cai da atmosfera como chuva, pó ou neblina no chão dos vales e no cimo das montanhas, que estão cobertas com pontos escuros que parecem ser escovados, lavados, esfregados e deslocados ao longo da superfície."

Não posso deixar de notar que o Dr. Soderblom parece um pouco obcecado com as limpezas, mas a analogia que fornece é provavelmente adequada.

Titã é um mundo desconcertante do ponto de vista geológico. Ao mesmo tempo familiar e estranho: nuvens, lagos, rios, dunas, agora montanhas e evidência de movimentos téctónicos, e mesmo neve. Só que em vez de água tem-se metano e etano, em vez de granitos e basaltos, bocados de gelo. Mas as surpresas não se esgotam aqui, na próxima contribuição falarei de algo que há muito esperava ver identificado em Titã: um vulcão gelado.

Ficha técnica
Imagens e inspiração para o texto retiradas deste e deste comunicados da NASA.

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