A imagem acima, tirada por um dos coronógrafos da experiência LASCO a bordo da sonda espacial SOHO, mostra o aspecto da coroa solar no dia 2 de Março de 2006. Um coronógrafo é um instrumento que provoca eclipses artificiais do Sol colocando uma máscura que tapa o disco do Sol (a fotosfera) e permite assim fazer imagens da coroa solar, que é muito mais ténue. O ocultador utilizado pelo LASCO tapa uma região correspondente a cerca de duas vezes o disco solar, que está indicado pelo círculo branco no centro da imagem. Se adicionarmos o tempo que o Sol demora a completar uma rotação, a coroa solar deverá voltar a apresentar um aspecto semelhante no dia 29 de Março de 2006. Ora o quem tem de especial esse dia? [... ler mais]
Como a maioria das pessoas deve saber, dia 29 de Março vai ocorrer um eclipse solar total. O trilho da totalidade pode ver-se na imagem ao lado; trata-se da região entre as linhas azuis escuras. Inicia-se no Brasil, atravessa o Atlântico Sul, prosseguindo através da África, e percorrendo ainda parte da Ásia. Os Brasileiros são alguns dos felizardos que poderão ver alguma coisa, embora no Brasil a totalidade seja bastante mais curta que nalguns locais de África e Médio Oriente, e aqueles que quiserem ver o eclipse tenham que se levantar bastante cedo. Na cidade de Natal, por exemplo, a totalidade inicia-se por volta das 08:36 Tempo Universal (TU), ou seja 05:36 hora local, e dura 1 minuto e 32 segundos. A faixa de totalidade do eclipse tem cerca de 129 km de largura e viaja a uma velocidade de 9 km por segundo (mais de 32000 km por hora), logo não há tempo para atrasos.
Um eclipse é um daqueles fenómenos que resulta de uma feliz coincidência. Embora o diâmetro da Lua seja cerca de 400 vezes menor que o do Sol, a distância relativa entre a Terra e a Lua é cerca de 400 vezes menor que a distância entre a Terra e o Sol. Assim quando os três corpos se encontram alinhados a Lua consegue por vezes tapar completamente o Sol. No entanto nem sempre a sombra da Lua acerta na Terra, na maioria das vezes passa acima ou abaixo, porque o plano da órbita da Lua em torno da Terra é inclinado 5 graus em relação ao plano da órbita da Terra em torno do Sol. Isso explica porque razão não temos um eclipse a cada Lua nova (é pena).
Importante. Nunca é demais avisar para os perigos da observação directa do Sol. Traduzindo parte de um comunicado da NASA de Abril de 1996, para o eclipse solar total de 26 de Fevereiro de 1998:Observações de eclipses parciais, eclipses anulares, e as fases parciais de eclipses totais nunca são seguras sem precauções especiais. Mesmo quando 99% da superfície do Sol está obscurecida durante as fases parciais de um eclipse total, a luz existente é muito intensa e não pode ser observada de forma segura sem proteção para a vista. Não temtem observar as fases parciais ou anulares de nenhum eclipse a olho nu. Não utilizar filtros apropriados pode resultar em danos permanentes na visão ou em cegueira.
Deve notar-se ainda que os filtros a serem utilizados devem ser certificados para esse fim, uns simples óculos escuros não fornecem proteção suficiente. O Sol pode aparecer escuro e em princípio não causar nenhum tipo de desconforto, mas isso não quer dizer que os olhos não corram riscos, há toda a radiação invisível no ultra-violeta e infravermelho que pode causar danos graves. Os planetários, ou centros de astrónomos amadores, são o local adequado para esclarecer este tipo de dúvidas. Um filtro adequado para a observação à vista desarmada não deve ser utilizado para observar através de binóculos ou telescópios. Nesses caso deve sempre ter-se a certeza absoluta de que o filtro utilizado no instrumento foi feito com o propósito expresso de observar o Sol.
É no entanto importante notar que assim que se inicia a fase da totalidade os filtros devem ser retirados. A coroa solar pode ser observada de forma segura a olho nu; com os filtros não se vê nada. Assim que a totalidade terminar devem colocar-se novamente os filtros. Mas deve ter-se cuidado em saber exactamente até quando dura a totalidade, mais vale perder uns segundos do espectáculo do que arriscar lesões na retina.
segunda-feira, março 20, 2006
À sombra da Lua
Por CDG laço permanente
Etiquetas: Sol e Heliosfera, Terra e Lua
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