A inspiração para a imagem astronómica de hoje vem do Observatório Real da Bélgica, mais exactamente do centro de estudos da influência solar, o SIDC, que estuda a actividade solar, em particular quilo que hoje em dia se designa por "meteorologia do espaço". A imagem acima mostra o Sol tal como é visto pelo Extreme Imaging Telescope (EIT) uma das experiências a bordo da sonda espacial SOHO, e que observa o Sol no ultravioleta extremo. [... ler mais]
O Sol, quando visto através de filtros sensíveis ao ultravioleta extremo, é muito diferente daquela esfera que, tirando uma outra mancha, não muda por aí além de dia para dia. No ultravioleta extremo, a luz do Sol provém de gás que é aquecido a muitas centenas de milhar, ou mesmo alguns milhões de graus Celsius. Esta região super-quente do Sol, que compreende as camadas chamadas Cromosfera e Coroa, mostra uma estrela que pode mudar de aspecto muito rapidamente, com grandes clarões que podem durar apenas alguns segundos e que libertam quantidades assombrosas de energia, podendo ainda lançar para o espaço grandes núvens de gás electrificado (plasma) a milhões de km por hora, ou copiosas quantidades de partículas a velocidades próximas da velocidade da luz. Essa actividade solar pode ter um impacto nocivo sobre sistemas tecnológicos em órbita (satélites), mas também no solo, em particular nas regiões polares, onde já chegou a ser responsável por apagões que deixaram partes do Canadá às escuras. Daí a existência de centros como o SIDC que lançam alertas sempre que o Sol mostra algum tipo de actividade.
Essa faceta temperamental do Sol ocorre em ciclos de 11 anos, com um período dito de máximo, em que o Sol está constantemente a lançar grandes nuvens de plasma e partículas carregadas no espaço, e um período dito de mínimo, em que o Sol mostra apenas o habitual fluxo contínuo do vento solar. Como se pode ver nas duas imagens do EIT mostradas acima, num intervalo de tempo correspondente a uma rotação solar o Sol no ultravioleta manteve-se practicamente igual. Isso sucede porque estamos neste momento a atravessar um período de mínimo solar, no qual ficaremos por ainda mais uns quantos anos. Os períodos de mínimo caracterizam-se pela quase ausência de manchas solares na fotosfera, e na verdade uma imagem obtida hoje por um outro instrumento do SOHO, chamado MDI, mostra uma superfície do Sol impecável, sem qualquer mácula.
sexta-feira, março 03, 2006
Activo só daqui a alguns anos
Por CDG laço permanente
Etiquetas: Sol e Heliosfera
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