As descobertas recentes em Plutão, e noutros objectos da cintura de Kuiper, são um exemplo do potencial científico desta região do sistema solar. Esta imensidão gelada, para lá dos planetas gigantes, encerra segredos que, uma vez desvendados, serão ser úteis para entender a própria história da Terra, e de como o sistema Terra-Lua se poderá ter formado. A mesma edição da Nature que contém o artigo sobre a descoberta das duas novas Luas de Plutão, contém um interessante artigo de Stern e colegas (ref1) onde se discute a formação do sistema de quatro corpos. O objectivo dos autores é mostrar que um sistema planetário do tipo observado só pode resultar da colisão entre dois corpos de grandes dimensões, e que os 4 corpos que formam o sistema observado se originaram nessa colisão, da qual se mostra uma perspectiva artistica na imagem. [... ler mais]
Numa tradução livre do primeiro parágrafo:Dois satélites de Plutão descobertos recentemente (P1 e P2) possuem massas que são pequenas comparadas quer com Plutão quer com Caronte (entre 5 décimos milésimos e um centésimo milésimo da massa de Plutão, e entre 5 milésimos e 1 décimo milésimo da massa de Caronte). Esta descoberta, quando combinada com a ausência de satélites mais distantes de Plutão, mostra que Plutão e as suas luas formam um sistema quadruplo muito compacto que é pouco habitual.
Os autores usam então as propriedades das órbitas para inferir o processo de formação do sistema planetário:Estes factos levantam de forma natural a questão de como este intrigante sistema planetário se poderá ter formado. Mostramos aqui que a proximidade de P1 e P2 a Plutão e Caronte, o facto de que P1 e P2 estão em órbitas quasi-circulares no mesmo plano que Caronte, juntamente com a sua localização em ou próximo de ressonâncias de movimento médias de ordem elevada, resultam todos de terem sido formados a paritir de material expelido em resultado de uma colisão que originou a formação de Plutão e Caronte.
A quase circularidade das órbitas, todas no mesmo plano, e os períodos das órbitas são factos difíceis de enquandrar num quadro em que as luas seriam originalmente corpos que ao passarem na proximidade de Plutão teriam sido capturados pelo planeta. Pelo contrário, as observações são facilmente explicadas admitindo os três satélites resultam da aglutinação de material ejectado pela colisão de Plutão com um corpo de dimensões semelhantes às suas. Trata-se de um mecanismo semelhante ao que se admite para a formação da Lua. Igualmente interessantes são as afirmações seguintes:Argumentamos também que anéis de gás e poeira se formam esporadicamente no sistema plutoniano, e que sistemas ricos em satélites podem ser encontrados em torno de outros corpos de grandes dimensões na cintura de Kuiper.
Como podemos ver há muito a aprender com o sistema plutoniano, e com os outros objectos semelhantes existentes na cintura de Kuiper. Todos estes resultados criam ainda maior expectativa quanto aos avanços que se poderão obter em 2015 quando a missão espacial Novos Horizontes, lançada pela NASA em 19 Janeiro de 2006, se aproximar a apenas 10,000 km de Plutão. É preciso esperar 10 anos mas se tudo correr bem valerá seguramente a pena.
Referências
(ref1) A giant impact origin for Pluto's small moons and satellite multiplicity in the Kuiper belt. Stern et al (2006) Nature 439, 946-948. Laço DOI.
domingo, fevereiro 26, 2006
Anéis em Plutão?
Por CDG laço permanente
Etiquetas: Plutão e Cintura de Kuiper
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