A imagem do furacão saturniano que mostrei aqui na contribuição anterior, que tinha um aspecto que fazia lembrar um orifício corporal qualquer, tinha sido reprojectada para nos dar a sensação de ser vista acima do olho da tempestade. As imagens que mostro aqui têm a inclinação original. As cores destas 6 imagens são artificiais, na verdade cada imagem foi obtida com um filtro sensível a uma região determinada do espectro. A escolha das cores tem a ver com os diferentes instrumentos: as quatro a tons de cinzento foram obtidas pelo imaging science subsystem, enquanto as duas "coloridas" foram obtidas pelo infrared mapping spectrometer. Curiosamente há aqui de facto uma imagem obtida com um filtro sensível ao azul, e outra no vermelho, mas não são as duas "coloridas".[... ler mais]
Para referência, eis aqui os intervalos das cores com comprimentos de onda em nanómetros (1 nm = 1 milésimo de milionésimo de milímetro).
A imagem do canto superior esquerdo é por isso na banda do azul, enquanto a do canto superior direito é no vermelho. Devo confessar que não tenho a certeza do comprimento de onda da imagem do meio na fila de cima. Todas as outras imagens são indicadas várias vezes no comunicado de imprensa, excepto essa. Como o comunicado refere que há uma progressão de comprimentos de onda do menor para o maior, o valor é capaz de estar errado: provavelmente será algo no verde ou amarelo. As três imagens de baixo são em diferentes regiões do infravermelho, que se estende dos 750 nanómetros até a 1 milímetro.
Cada região de comprimentos de onda revela algo diferente. Na primeira imagem, no canto superior esquerdo, o turbilhão é pouco visível, e o "olho" é quase imperceptível. Isso tem a ver com a presença da luz difundida pela atmosfera que domina as observações na banda do azul. Nas imagens a 728 e 890 nm o olho aparece bastante escuro. Neste comprimento de onda o metano absorve a luz e só as nuvens mais altas, formadas por amoníaco se conseguem ver. O facto de o olho ser escuro a estes comprimentos de onda indica que nesta zona as regiões de maior altitude estão quase desprovidas das nuvens brilhantes de amoníaco. Ao contrário do que se passa nas restantes imagens, na imagem a 5,000 nm o olho é razoavelmente brilhante, mas a explicação do fenómeno é semelhante à indicada para as outras imagens. Neste comprimento de onda o brilho não provem da luz reflectida do Sol: o que se vê é o calor emitido por Saturno. A 5,000 nm a fonte dominante de luz é o brilho térmico do planeta. O facto do olho ser brilhante neste comprimento é mais uma indicação de uma região razoavelmente profunda sem nuvens a bloquearam o calor do planeta.
O grande vórtice estacionado no pólo Sul não é a única tempestade que se vê nestas imagens. A imagem a 5,000 nanómetros (a tal imagem a "vermelho") parece uma pele de onça, de tal forma se apresenta sarapintada com pequenas manchas escuras. Estas pintas significam que uma camada de nuvens bastante espessa está a bloquear o calor do planeta. As manchas são tempestades que se devem estender a grande profundidade na atmosfera de Saturno. Toda esta agitação do pólo Sul de Saturno não tem equivalente noutros corpos do sistema solar, e os cientistas admitem que poderá ter que ver com o facto de o sul de Saturno se encontrar no verão. Trata-se de algo a confirmar no futuro, com as observações dos próximos anos, em que o verão acabará por dar lugar a uma outra estação.
Ficha técnica
Inspiração para o texto e imagem obtidos a partir desta página da NASA.
quinta-feira, novembro 16, 2006
Outra visão do tempestuoso sul de Saturno
Por CDG laço permanente
Etiquetas: Saturno e suas luas
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