A figura mostra um de três objectos descobertos recentemente na cintura de asteróides entre Marte e Júpiter. Do ponto de vista orbital estres três objectos não mostram diferenças em relação aos outros asteróides, contudo, se notarem bem, todos eles têm caudas brilhantes, como se fossem cometas. Paradoxalmente esta descoberta pode ter implicações quanto à origem da água na Terra. [...ler mais]
Os três objectos são descritos num artigo na Science (ref1), por Henry H. Hsieh e David Jewitt, da Universidade do Hawaii. Numa tradução livre do resumo:Os cometas são corpos gelados que sublimam e se tornam activos quando se aproximam do Sol. Pensa-se que têm origem em dois reservatórios frios para lá da órbita de Neptuno: a Cintura de Kuiper (temperaturas de equilíbrio ~40K) e na Nuvem de Oort (~10 K). Apresentamos dados no óptico mostrando a existência de uma população de cometas com origem num terceiro reservatório: a cintura de asteróides principal. Os cometas da cintura-principal são diferentes dos cometas da Cintura de Kuiper e dos cometas na Nuvem de Oort porque se formaram onde residem e são provavelmente activados por colisões. A existência de cometas na cintura-principal providencia novo suporte à idea de que os objectos da cintura-principal possam ser uma das fontes principais de água na Terra.
Aqui há vários pontos que exigem uma leitura do interior do artigo. O primeiro é o de que estes cometas se formaram onde residem actualmente. Os autores apoiam esta afirmação com trabalhos que mostram ser muito difícil transferir uma órbita cometária trans-neptuniana para uma órbita de tipo circular típica da cintura de asteróides. Outro ponto tem a ver com a activação. Os autores explicam a necessidade disso para os cometas da cintura principal (a que chamam MBCs):É necessário um despoletar recente porque gelo de água exposto na extremidade subsolar de um MBC a uma distância heliocêntrica de 2.4-2.9 Unidades Astronómicas vai sublimar e recuar a uma taxa da ordem de 1 metro por ano. Dado o tamanho na ordem do km dos MBCs conhecidos, asssim que a sublimação começa os tempos de vida activos destes objectos devem ser curtos comparados com 1000 anos. Os estudos mostram no entanto que gelo a estas distâncias pode ser protegido da sublimação durante um intervalo de tempo da ordem da idade do sistema solar por uma camada relativamente fina (1 a 100 m) de rególito à superfície. A sublimação pode então ser despoletada por uma colisão capaz de penetrar esta camada isoladora inactiva, expondo o gelo profundamente enterrado ao calor do Sol.
Os cometas trans-neptunianos não têm este problema, à distância a que se encontram a temperatura é demasiado baixa para ocorrer sublimação do gelo; apenas quando se aproximam do Sol perdem água.
A outra questão tem a ver com a origem da água da Terra. Pensa-se que a Terra se formou inicialmente como um planeta seco, e que a água que apresenta se deve ao bombardeamento de inúmeros objectos formados por gelo. Sabe-se que a abundância relativa de deutério e oxigénio na água dos oceanos da Terra é diferente da que se pode encontrar nos cometas trans-neptunianos, e vários autores sugeriram que teriam sido objectos da cintura de asteróides a trazer água para a Terra. O facto de ainda existir gelo nestes objectos permite testar essa hipótese. É claro que isso é algo que só se conseguirá confirmar com missões para recolher amostras nestes asteróides.
Referência
(ref1) Henry H. Hsieh & David Jewitt (2006). A Population of Comets in the Main Asteroid Belt. Science. Laço DOI.
domingo, março 26, 2006
Asteróides que são cometas
Por CDG laço permanente
Etiquetas: Asteróides
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1 comentário:
Obrigado pelas informacoes no meu blog, Caio! Saiba que todo dia visito seu blog, mesmo quando nao deixo nenhum comentario!
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